A integração entre fé e aprendizado: mais do que uma oração
11 Maio, 2020
Woah, livin’ on a prayer
Take my hand, we’ll make it I swear
Woah, livin’ on a prayer
Woah, vivendo em oração
Pegue a minha mão, nós vamos conseguir, eu juro
Woah, vivendo em oração
A letra acima é o refrão da música “Living’ on a Prayer”, sucesso de 1986 e cantada pela banda de rock, Bon Jovi. Com frequência, esse refrão vem à mente sempre que reflito sobre a integração entre fé e aprendizado na sala de aula. Em minha experiência, muitos professores cristãos estão apenas vivendo em oração.
Em minha função, como diretor acadêmico da Universidade de North Greenville, entrevisto cada pessoa que estamos considerando colocar à frente de nossos alunos como professor, de adjuntos a titulares. Parte de nosso processo de contratação é pedir aos futuros docentes que reflitam sobre como integrar a fé na sala de aula. Os resultados, em geral, são mistos.
Eles, quase sempre, se saem muito bem quando se trata de falar da fé deles. É raro entrevistar um candidato que não esteja profundamente comprometido com a piedade pessoal. Em geral, respondem que querem iniciar a aula com oração e uma devoção, que desejam falar abertamente sobre a fé deles em Cristo e compartilhar o evangelho com os alunos descrentes. E, todas essas coisas são positivas! Todavia, não são tudo naquele ambiente.
Torna-se mais complexo quando se trata de integrar a fé na sala de aula. Muitos deles jamais refletiram sobre como usar as Escrituras e o melhor da tradição intelectual cristã para apoiar as suas disciplinas. Muitos nunca dedicaram tempo para investigar as suposições fundamentais de suas matérias a partir da perspectiva de uma cosmovisão bíblica. A maioria pouco ponderou sobre como enquadrar suas disciplinas no contexto da grandiosa narrativa bíblica da criação, queda e redenção. Em suma, muitos desconhecem como pensar de um modo distintamente cristão sobre as suas respectivas disciplinas.
Para ser justo, devo dizer que eles são parcialmente culpados por essa deficiência. Infelizmente, as igrejas locais, em geral, pouco equipam os seus membros para pensar em meios intencionalmente cristãos sobre as suas variadas vocações. Nesse sentido, os programas seculares de graduação naturalmente têm pouco ou nada a oferecer aos estudantes cristãos que aspiram ser estudiosos cristocêntricos. Muitos futuros membros do corpo docente jamais tiveram um mentor profissional para forjar esse tipo de disciplina acadêmica robusta. Para muitos cristãos acadêmicos, essa visão estreita de fé e aprendizado é muito mais resultante da falta de direção do que de desejo.
Eis porque uma abordagem cristocêntrica ao desenvolvimento dos docentes é deveras importante. Serão frequentes os casos em que as universidades cristãs contratarão instrutores que amam a Cristo, que amam e desejam contribuir para um significativo impacto do reino na vida de seus alunos, mas que são debilmente equipados para pensar sobre suas respectivas cadeiras de modo cristão. Todos possuem os instintos certos, mas lhes falta a formação adequada para expressar plenamente esses instintos em sala de aula.
Toda escola cristã necessita de uma estratégia claramente definida para auxiliar os membros do corpo docente a darem um salto da posição de simplesmente viver em oração para uma visão holística que propicie a integração entre fé e aprendizado. Os docentes precisam ser supridos com oportunidades de ler e discutir textos chave sobre o ensino superior cristocêntrico, em geral, e abordagens cristãs às suas disciplinas, em particular. Professores mais experientes, que exemplifiquem o discipulado acadêmico, deveriam atuar como mentores dos membros inexperientes do corpo docente, auxiliando-os a amadurecerem além da mera piedade que não ultrapassa uma fé ardente em Cristo. Os docentes precisam ser expostos às reflexões de estudiosos que sejam referência em fé e aprendizado, tanto dentro de suas instituições quanto fora delas. Parte do mandato ou regime de promoção dos docentes deveria incluir processos para uma reflexão crítica sobre fé e aprendizado, bem como exemplos de aplicação em sala de aula.
Ainda mais importante, se uma escola intenciona comprometer-se com a integração entre fé e aprendizado, ela necessita de líderes que compreendam as questões em jogo e estejam dispostos a priorizar um discipulado acadêmico holístico. Presidentes precisam compreender a importância de programas acadêmicos totalmente cristocêntricos e da contratação de diretores acadêmicos dispostos a liderar a faculdade nessa direção. Os reitores e chefes de departamento deveriam ser líderes plenamente conscientes desse encargo. Os chefes de pessoal deveriam entender que parte do papel que desempenham é ser campeões não-acadêmicos do discipulado acadêmico. A integração fé-aprendizado consiste de um esforço conjunto de mãos-à-obra.
Graças a Deus pelos professores piedosos e que esse contingente cresça cada vez mais. No entanto, que a piedade e o intelecto possam ser adequadamente integrados, reunindo novamente aquilo que foi dilacerado pela fragmentação do pecado. O discipulado acadêmico sempre será um caminho difícil de ser trilhado, mas o esforço de trazer cativo todo o pensamento a Cristo, em cada disciplina, sempre valerá a pena.
Nathan A. Finn serve como reitor da Faculdade da Universidade North Greenville, na Carolina do Sul. Ele tem escrito amplamente sobre ensino superior, formação espiritual, bem como sobre a história e a identidade Batista.
Traduzido e republicado do International Alliance for Christian Education (https://iace.education/blog/the-integration-of-faith-and-learning-more-than-a-prayer)